Síndrome do sono insuficiente:

|15 de agosto de 2022 | Dicas

Você está dormindo o suficiente?

Milhões de pessoas sofrem de distúrbios crónicos do ritmo sono-vigília com que diariamente se têm que debater. Muitas outras fazem malabarismos de modo a conciliar trabalho, família e lazer, mas à conta do efeito da luminosidade dos equipamentos eletrônicos e de muita cafeína conseguem arrastar-se ao longo dos seus dias atarefados. Mas será isto saudável? E de quantas horas de sono realmente precisamos?

Uma declaração de consenso em 2015 estabeleceu que os adultos devem dormir regularmente 7 ou mais horas por noite para promover uma saúde ideal. Ao longo dos anos, vários estudos relacionaram a privação do sono ou dormir menos de 7 horas regularmente com o aumento de peso, diabetes, hipertensão, doença cardíaca, acidente vascular cerebral, demência e morte. Além disso, estudos mostraram que quem dorme menos tem uma redução da função imunitária. Num estudo do Dr. Aric Prather, os indivíduos expostos a um vírus da constipação tinham maior probabilidade de adoecer se não dormissem o suficiente. As pessoas privadas de sono antes de receberem a vacina contra a gripe também apresentam um menor grau de proteção na resposta.

É muito difícil alguém perder peso se dormir menos de 6 horas e, muitas vezes, em casos de privação de sono surgem “ataques” de desejo por hidratos de carbono. Portanto, talvez a crescente epidemia de obesidade em muitos países possa ter agravado por um número significativo de pessoas que dormem cronicamente menos de 7 horas.

Para além dos efeitos pessoais da restrição do sono na saúde, a sonolência pode ter um impacto significativo na sociedade, com mais acidentes rodoviários. Num estudo comparativo entre homens de 19 a 35 anos num simulador de condução, a perda de uma noite de sono levou a tantos acidentes rodoviários como naqueles que tinham uma alcoolemia de 0,08%.

Erros no trabalho também podem aumentar. As pessoas com privação crónica de sono têm mais dificuldade em assimilar novas informações e atualizar as suas estratégias e podem continuar a tentar uma solução que antes falhou. Essas pessoas podem ficar mais temperamentais, com piores competências de comunicação e o seu profissionalismo pode diminuir. Apesar do declínio na capacidade crítica, as pessoas com privação de sono tendem a subestimar acentuadamente a sua fadiga e o impacto da privação de sono no seu desempenho… então, podem não perceber o quão mau é o trabalho que estão a fazer.

O que pode ser feito

Então, o que podemos fazer para ajudar mais pessoas a dormir o suficiente? Nos últimos anos, temos tentado tornar a importância de um sono suficiente e de boa qualidade numa prioridade no campus da Universidade da Califórnia em São Francisco – Fresno. Muitos médicos internos ficam muito privados de sono com as longas horas e mudanças de turnos, ao mesmo tempo que tentam gerir o resto da vida. Demos palestras em todos os departamentos com internato médico sobre os efeitos da privação do sono, bem como sobre os distúrbios do sono. Demos uma visão geral da terapia cognitivo-comportamental para a insónia e fizemos rastreio da apneia do sono com testes de sono gratuitos e aconselhamento. Demos dicas mensais para o controle da fadiga e colocamos caixas de terapia de luz nas suas salas de permanência no hospital para ajudar a melhorar o estado de alerta durante os turnos da noite.

A nossa investigação antes e depois das intervenções mostrou menos fadiga no atendimento ao doente, menos acidentes rodoviários, menos picadas de agulha e melhores pontuações nas avaliações de sonolência. Eles passaram a compreender melhor a importância de dormir melhor e abordaram essa questão com mais frequência com os seus doentes.

Talvez todos possamos fazer a nossa parte para aumentar a consciencialização sobre a importância de dormir o suficiente para nos tornar mais felizes, inteligentes e saudáveis.

A Dra. Lynn Keenan pratica a medicina do sono há 28 anos e atualmente é professora clínica de medicina da Universidade da Califórnia em São Francisco – Fresno e diretora do programa de internato de medicina do sono.

Fonte: Healthier Sleep Magazine

Compartilhe este post: